26 de mar. de 2017

Acupuntura Como Tratamento Osteoartrose De Joelho





Apesar da Osteoartrose (OA) ser uma doença que atinge toda a articulação (cartilagem, ligamentos, sinóvia e osso), a lesão inicial costuma ser na cartilagem articular. A OA tem um forte componente genético e, na maioria das vezes, tem a sobrecarga mecânica como um iniciador do processo de lesão da cartilagem, que acaba evoluindo para um ciclo vicioso e inflamatório, perpetuando a degeneração articular.
Tanto nos estágios iniciais quanto nos avançados, os pacientes apresentam dor, rigidez matinal e edema na articulação acometida. Nos estágios iniciais há o predomínio da dor com realização de movimentos, rigidez, dor noturna e resposta satisfatória à medicação antiinflamatória. Nos estágios avançados, ocorre instabilidade articular, predomínio da dor no repouso e ausência de resposta à medicação antiinflamatória.
Suas localizações mais comuns são mãos, joelhos, quadris e coluna vertebral. Várias medidas são preconizadas como tratamento: analgésicos, antiinflamatórios, aplicação de gelo ou calor úmido, mudança de hábitos, uso de bengalas e muletas, perda de peso, injeções de corticóides, fisioterapia e terapias alternativas (como a acupuntura).
Estima-se que 4% da população brasileira apresentem osteoartrose e o acometimento de joelhos é responsável por 37% dos casos. Quando a doença acomete as articulações dos membros inferiores, é especialmente incapacitante (VASCONCELOS, DIAS & DIAS, 2006).
Decorrente do desgaste das articulações, e que frequentemente surge como parte do processo de envelhecimento, as dores no joelho afetam um quarto das pessoas com mais de 55 anos e é severo o bastante para restringir as atividades diárias pela metade.
Sua prevalência aumenta com a idade, sendo maior o número de casos de osteoartrose de joelho em mulheres, diferente da osteoartrose de quadril que tem maior incidência em homens (CAMARGOS, 2004; MARX et al., 2006).
Um recente estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) refere que a osteoartrose seria a quarta causa mais importante de incapacidade entre mulheres e a oitava entre homens (MARX et al., 2006).

Método
O artigo foi desenvolvido através de uma revisão bibliográfica descritiva, no qual foram utilizados livros, teses e artigos científicos nacionais e internacionais, correspondentes de 1993 a 2009, nos idiomas português e inglês. Embasado nos bancos de dados do Lilacs, Medline, Bireme, BBC, NCCAM, Google, ScienceDirect, Faculdade de Saúde Pública, Organização Mundial de Saúde (OMS), Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), livros da biblioteca do CBES, teses e artigos cedidos gentilmente pelo PhD. Adrian White (Professor e Pesquisador do Departamento de Saúde da Península Medical School – Inglaterra).

Dor Aguda x Dor Crônica
A dor é uma entidade sensorial múltipla que envolve aspectos emocionais, sociais, culturais, ambientais e cognitivos.
No caso da dor aguda, que é comumente associada ao dano tecidual, a percepção da sensação da dor atua como um sinal que induz a pessoa a adotar comportamentos que objetivam afastar, diminuir ou abolir a causa da dor. Já em contraste com a dor aguda, a dor crônica tem função biológica diferente e associa-se a muita hiperatividade autonômica. Os doentes com dor crônica geralmente, exibem sintomas neurovegetativos como alterações nos padrões de sono, apetite, peso e libido, associados à irritabilidade, alterações de energia, diminuição da capacidade de concentração, restrições nas atividades familiares, profissionais e sociais (OLIVEIRA et al.,1997).
A analgesia é a ausência de dor em resposta a um estímulo doloroso. Os responsáveis por bloquearem o sinal nociceptivo, sem alterar as demais formas de sensibilidade, são chamados de opióides, estes se fixam aos mesmos receptores que as endorfinas. Os opióides incluem: encefalinas, dinorfinas e as B-encefalinas, que são classificados em opióides endógenos, por serem substâncias endógenas de ocorrência natural, resultando na ativação de mecanismos analgésicos (ROCHA et al., 2007).

Acupuntura
Segundo Vale (2006), a acupuntura foi o primeiro método analgésico eficaz no tratamento da dor na história da Medicina. Utilizada há mais de 3.000 anos na Medicina Tradicional Chinesa para tratamento de várias doenças, surgiu da observação serendíptica de que os ferimentos à flecha nos guerreiros cicatrizavam mais rápido do que os de espada ou porretes.
A prática de inserir agulhas em pontos específicos do corpo aponta melhora da saúde e do bem-estar. A técnica da acupuntura tem sido estudada cientificamente, envolvendo inserção de finas agulhas, sólidas e metálicas que são inseridas no corpo e manipuladas pelas mãos ou por estímulo elétrico. Recentemente, pesquisas científicas começaram a desvendar mais possíveis mecanismos da acupuntura e potenciais benefícios, especialmente no tratamento de condições dolorosas tal como a artrose (NCCAM – National Center for Complementary and Alternative Medicine, 2004).
O efeito estimulatório da corrente elétrica tem seu lugar cativo há muito tempo na eletroterapia ocidental. Nesse caso, os impulsos elétricos são conduzidos por meio de eletrodos na pele de forma, duração e frequência bem definidas. Essa forma de eletroterapia é largamente utilizada no tratamento da dor, em pontos principais determinados, como “estimulação transcutânea do nervo”.
Na acupuntura moderna, tais correntes de impulso são transportadas para as agulhas espetadas.

Tratamento farmacológico
Um tipo de tratamento convencional para a OA é o uso de medicamentos como os analgésicos. O paracetamol está no topo da lista de medicamentos recomendados em diretrizes clínicas de osteoartrose (American College of Rheumatology, 2002). A maioria dos trabalhos avaliados nessa diretriz permitiu o tratamento de resgate com paracetamol. Entretanto, existem poucos trabalhos clínicos bem conduzidos avaliando sua eficácia e efetividade em osteoartrose de qualquer grau.
Glucosamina é um medicamento popular entre os pacientes com OA, embora as evidências de sua eficácia não sejam consistentes. Estudos mais profundos revelam que o uso da glucosamina não é superior ao placebo em relação à dor e função, embora seu uso em particular tenha benefícios.

Tratamento com acupuntura
Deve-se analisar, primeiramente, que tipo de efeito pode-se esperar com a acupuntura: aumento geral do limiar da dor (liberação de endorfina); diminuição da dor no plano segmentar; melhora na circulação sanguínea e regulação do meio celular; relaxamento muscular geral e local, aumento dos espasmos musculares.
As indicações feitas pelo paciente sobre o ponto de dor, tipo de dor e as causas que as provocam formam as bases do tratamento. Todos os meridianos da região dolorosa podem ser afetados, mas em intensidades distintas, de tal forma que, pode-se descobrir um “meridiano principalmente afetado” (KITZINGER, 1996).
Na Medicina Tradicional Chinesa (MTC), os sinais e sintomas da osteoartrose podem corresponder a vários padrões de desarmonia, mas os mais comuns são as Síndromes Bi, causadas pelos ataques de agentes patogênicos externos: Vento, Frio e Umidade.

Resultados
De acordo com a base de dados utilizada nesse artigo, os resultados do tratamento alternativo de acupuntura em pacientes com osteoartrose de joelho mostram-se eficazes, principalmente em relação à dor, funcionalidade e qualidade de vida dos pacientes.
A acupuntura é uma considerável opção de tratamento. Um dos principais motivos que estimulam pacientes a procurar um tratamento alternativo, é a insatisfação com os tratamentos convencionais disponíveis, devido à sua ineficácia; e por intolerância a medicamentos. Segundo estudos realizados na Inglaterra, atualmente a acupuntura é o tipo de tratamento alternativo mais comumente utilizado como terapia complementar contra a dor no mundo. (WHITE, 2007).
No tratamento, pode-se observar que a acupuntura leva a analgesia através de efeito local, por produzir as mesmas características de um processo inflamatório estimulando a liberação de substâncias que culminam na vasodilatação sanguínea local e em seguida ao aumento de serotonina e células de defesa. Efeitos medulares, impedindo a transmissão do impulso e a sequência de sinapses até os centros superiores. E efeito cerebral ativando partes do cérebro como o hipotálamo, responsável pela liberação de endorfinas.

Discussões e Conclusões
Relatório da Organização Mundial de Saúde (1978) reconhece o método de agulhamento como uma prática médica eficaz. (VALE, 2006).
Estudos clínicos publicados no periódico inglês Acupuncture in Medicine (2001), demonstraram a ação terapêutica da acupuntura na osteoartrose. Acupuntura é um dos mais comumentes tratamentos alternativos utilizados, é reconhecidamente um meio eficaz de tratar a osteoartrose, apresentando a vantagem de ser destituída de efeitos colaterais.
Em conclusão, a OA do joelho é uma desordem comum que leva a diminuição da funcionalidade, e em muitos casos os sintomas persistem por muitos anos. Nenhuma terapia convencional é totalmente satisfatória. Tratamentos convencionais não são muito efetivos e tratamentos efetivos não são convencionais. A acupuntura como tratamento alternativo de OA de joelho deve ser considerada. (WHITE, 2007).
De acordo com WHITE (2007), a acupuntura pode diminuir as dores da osteoartrose de joelho.

Referências
American College of Rheumatology Subcommittee on Osteoarthritis Guidelines. Recommendations for the medical management of osteoarthritis of the hip and knee. 2002.
BBC (British Broadcasting Corporation); Site: www.bbc.co.uk, [2008].
CAMARGOS, F.F.O et al., Estudo da propriocepção e desempenho funcional em idosos com osteoartrose de joelhos, Revista Brasileira de Fisioterapia, 2004.
DIAS, R.C; DIAS, J.M.D; Avaliação da qualidade de vida relacionada á saúde em idosos com osteoartrite de joelhos, Revista Brasileira de Fisioterapia, 2006.
EZZO, Jeanette; et al., Acupuncture for osteoarthritis of the knee, Arthritis & Rheumatism, 2001.
FARIAS, Fernando; Acupuntura na Osteoartrose, 2001.
KITZINGER, Erich; Acupuntura em Ortopedia, 1ª Edição, São Paulo - SP: Editora Andrei, 1996.
MARX, Felipe C. , at al., Michele Cristina C., Tradução e validação cultural do questionário algofuncional de lequesne para osteoartrite de joelhos e quadris para a língua portuguesa, Revista Brasileira de Reumatologia, 2006.
MHRA (Medicines and Healthcare products Regulatory Agency); Site: www.mhra.gov.uk, [2009].
NCCAM (National Center for Complementary and Alternative Medicine), 2004. Acupuncture Relieves Pain and Improves Function in Knee Osteoarthritis. Site: www.nccam.nih.gov [2009].
OLIVEIRA, Cláudia Clarindo; et al., A dor e o controle do sofrimento, Revista de Psicofisiologia, 1997.
OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde); Site: www.opas.org.br, [2009].
ROCHA, Anita P. et al., Dor: aspectos atuais da sensibilização periférica e central, Revista Brasileira de Anestesiologia, 2007.
SAIDAH, Rassen; Tratamento das algias do Joelho pela Acupuntura com a Utilização da Técnica “AO OPOSTO” da Medicina Tradicional Chinesa. Mestrado, 1997.
SAIDAH, Rassen; Benefícios da Acupuntura no Pós-Operatório das Cirurgias Artroscópicas no Joelho. Doutorado, 2001.
SEFRIAN, Magali; LOPES, Cláudio S; Ponto! Atlas Topográfico de Acupuntura, 2ª Edição, São Paulo – SP: Editora Ponto Crítico, 2008.
VALE, Nilton Bezerra do, Analgesia adjuvante e alternativa, Revista Brasileira de Anestesiologia, 2006.
VASCONCELOS, K.S.S et al., Relação entre a intensidade de dor e capacidade funcional em indivíduos obesos com osteoartrose de joelho, Revista Brasileira de Fisioterapia, 2006.
WHITE, Adrian; Acupuncture for Osteoarthritis, 2004.
WHITE, Adrian; Kawakita, Kenji; The evidence on acupuncture for knee osteoarthritis, 2006.
WHITE, Adrian; Osteoarthritis of the knee, 2006.
WHITE, Adrian; Vas, Jorge; Evidence from RCTs on optimal acupuncture treatment for knee osteoarthritis, 2007.
WHITE, Adrian; Acupuncture treatment for chronic knee pain, 2007.

YAMAMURA, Ysao: Padronização do Tratamento das Algias Crônicas do Joelho pela Medicina Chinesa-Acupuntura. Mestrado, 1993.

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Por que a acupuntura deve ser feita por médicos?




Saiba quais são os benefícios de fazer acupuntura com profissionais formados em Medicina  
Acupuntura médica
A acupuntura é uma prática milenar da medicina chinesa praticada na maioria dos países, técnica capaz de complementar tratamentos da medicina ocidental abrangendo diversas áreas da saúde. No Brasil, a acupuntura é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina desde 1995 e, desde 2012, a especialidade deve ser feita apenas por médicos, cirurgiões dentistas e médicos veterinários de acordo com o Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura (CMBA).

Ainda de segundo a CMBA, também não deve ser uma prática realizada por fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais.  Esse pensamento tem respaldo na lei da regulamentação da medicina que estabelece que o diagnóstico nosológico é benefício dos médicos e que todo procedimento invasivo, seja ele diagnóstico ou terapêutico deve ser praticado exclusivamente por médicos.

No entanto, por desinformação, nem sempre o paciente sabe se está nas mãos de um bom profissional com formação em Medicina, o único que está preparado técnico e cientificamente para realizar as diversas atividades inerentes a sua competência, como:

Realizar exame físico de forma adequada, solicitar os exames necessários e estabelecer um prognóstico da situação;
Indicar, se necessário, novos tratamentos ao paciente que podem ser farmacológicos, cirúrgico ou ainda invasivo.
Para a médica e diretora do Center AO, Centro de Pesquisa e Estudo da Medicina Chinesa, Dra. Marcia Lika Yamamura, para aplicar a acupuntura ou fazer inserção de agulhas é preciso conhecimento sólido da anatomia da região onde será feito o tratamento, que é tão importante quanto o estabelecimento de um diagnóstico preciso da doença do paciente. “Mais importante ainda é que o profissional tenha capacitação para fazer um diagnóstico correto e preciso da doença do paciente, que na maioria das vezes exige pedir e interpretar exames, como os de sangue e ressonância magnética”, explica.

No Brasil, a acupuntura pode ser considerada ainda recente com cerca de 30 anos, porém, apenas nos últimos anos é que se criou residência médica de acupuntura, tornando-se uma das especialidades médicas que mais crescem no Brasil, estando presente em inúmeras universidades, seja nos programas de graduação ou de residência médica. “Algumas instituições oferecem formação completa com dois anos de duração e práticas ambulatoriais, o que reforça o compromisso de médicos pela prática, além de ampliar o acesso a pesquisas científicas e aos benefícios da acupuntura”, afirma Marcia, que coordena especializações em pós-graduação há 20 anos.

“Diferenciar pacientes pode ser uma grande dificuldade para o candidato a acupunturista que não é formado em Medicina, pois há casos de pacientes que precisam de tratamento cirúrgico, como hérnia de disco da coluna vertebral e, por imperícia, o profissional sem capacitação pode lesar órgãos como pulmão, coração, nervos periféricos e medula espinhal”, completa Marcia.

Evitar complicações da inserção de agulha de acupuntura, obter diagnósticos mais precisos, saber orientar os pacientes sobre os benefícios de uma boa higiene mental, além de uma alimentação equilibrada fazem parte de uma avaliação global da saúde da família e do indivíduo. “O tratamento da acupuntura une o bem-estar físico e mental, e o equilíbrio energético é algo primordial na prática da Medicina Chinesa”, explica Marcia.

Eficácia da Acupuntura
Reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), Associação Médica Brasileira (AMB) e Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), a acupuntura é uma técnica simples, porém, exige análise do ser humano como um todo, unindo conhecimento sobre mente e corpo integrados. Com eficácia comprovada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), por meio do estudo : Acupuncture: Review and analysis of reports on controlled clinical trials, a acupuntura é eficaz no tratamento de doenças, como:

Dores físicas: distensão muscular, dor cervical, dor lombar, artrite reumatoide, fibromialgia, além de dores nos joelhos, ciática, entre outras enfermidades;
Doenças da pele: Acne, rugas, flacidez, micose, etc;
Problemas respiratórios: Gripe, dor de garganta, rinite, bronquite, etc;
Doenças do sistema nervoso: Dores de cabeça, enxaquecas, cefaleias, tonturas, etc;
Doenças ginecológicas: TPM, cólicas menstruais, infertilidade, menopausa, etc;
Além da eficácia acima, a acupuntura pode ser benéfica para tratamentos de gestantes, bebês e crianças, câncer, doenças do sistema endócrino, dependência química, obesidade, doenças do sistema circulatório, entre outras.

Fonte: www.canalacupuntura.com.br


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