Os países do primeiro mundo conseguiram crescer por
meio das parcerias da iniciativa privada com o serviço público. No Brasil, onde
os sistemas de saúde têm grandes deficiências, não pode ser diferente. A
maioria da população não tem acesso a medicamentos, planos de saúde e
seguradoras, é mal atendida nos estabelecimentos públicos e muitos privados,
além das péssimas condições de trabalho dos profissionais da saúde,
principalmente os médicos. Esse arsenal de problemas fez com que a
Associação Médica Brasileira de Acupuntura (AMBA), levasse à frente um projeto
de capacitação profissional em Acupuntura, junto com a Coordenadoria de Saúde
Integrativa de Campinas (SP), cujos desdobramentos tornaram o plano um exemplo
a ser seguido em todo o pais.
No final de 2005, essa parceria promoveu um curso
para treinamento de médicos na prática da Craniopuntura de Yamamoto – Yamamoto
New Scalp Acupuncture (YNSA), um sistema criado em meados de 1970 pelo médico
Toshikatsu Yamamoto. Essa técnica aplica agulhas menores em um microssistema
localizado na cabeça do paciente e que representa o corpo todo. É indicada para
diversos tipos de dor e seqüelas neurológicas de AVC’s como hemiplegia,
paraplegia, paralisia facial e parestesias. O sistema é interessante porque
substitui as macas por cadeiras ou poltronas, com ganho de espaço nos
consultórios e ambulatórios.
Dessa forme, ainda em 2005, houve a oportunidade
para que 60 médicos já capacitados pudessem participar do Simpósio
Internacional Brasil/Japão, na cidade de São Paulo, com a presença do Dr.
Toshikatsu Yamamoto. Em seguida, no início de 2006, Campinas criou o primeiro
ambulatório para controle da dor e outras moléstias baseado nessa técnica.
REDUÇÃO DE
ANTIINFLAMATÓRIOS
O uso de medicamentos para alívio da dor é sempre
um problema por causa dos efeitos colaterais, como gastrites, lesões hepáticas
e renais. Em Campinas, durante 2003, o consumo mensal de
antiinflamatórios foi de 534.336 comprimidos de diclofenaco de sódio; em 2004,
a média mensal foi de 601.856, e em 2005 de 644.366.
Em 2006, o consumo mensal esperado era de 700.000
comprimidos de antiinflamatórios. Mas, a média mensal ficou em 570.000
comprimidos. O fato mostra a redução de 74.336 comprimidos ou 12,5% em relação
ao ano passado, uma resposta direta à maior utilização da craniopuntura.
De acordo com o coordenador de Saúde Integrativa,
Dr. Willian Hyppolito Ferreira, o sucesso e os bons resultados do projeto
devem-se à iniciativa levada adiante em conjunto com a AMBA, que ministrou
diversas aulas para os médicos de Campinas. E, também, à dedicação dos que
estão realizando a técnica nas Unidades Básicas de Saúde e outros locais. A
iniciativa reduziu a dor dos pacientes, enquanto realizam as hipóteses
diagnósticas necessárias, e os respectivos tratamentos de cada doença.
Hoje, 95 médicos da cidade já utilizam essa técnica
nos quadro dolorosos de seus pacientes, correspondendo a 10% por cento de
médicos da rede municipal de saúde local.
Segundo o presidente da AMBA, Dr. Ruy Tanigawa,
outro trabalho semelhante foi realizado recentemente em Piracicaba (SP).
“Pretendemos estender a realização deste e outros cursos em várias regiões do
Estado de São Paulo e do Pais”. Com isso, a AMBA dá um suporte mais eficiente à
saúde da população, e a custos menores em função do menor uso de medicamentos.
Além disso, trata-se de uma de atualização técnica gratificante para o médico,
que constata uma recuperação mais rápida de seus pacientes”, disse o Dr.
Ruy.
A maioria dos pacientes das redes públicas de saúde
e até uma boa parcela da rede privada, deixa os tratamentos por causa do mau
atendimento e custos elevados dos medicamentos. E, por conseqüência, deixa de
procurar o médico por este mesmo motivo. Passado algum tempo, esse paciente
retorna, muitas vezes com outro médico, mas seu quadro clínico está agravado
por causa da evolução da doença. Daí a necessidade premente do estabelecimento
de políticas públicas de saúde realísticas, onde todos tenham oportunidades. E,
principalmente, com respeito à hierarquia e funções do médico. Afinal, saúde é
um direito do cidadão e não massa de manobra política ou favor como querem
alguns governantes.
Fonte: AMBA NEWS