Para a
objetividade e a descrença ocidental, que aposta em dados de computadores e
reações de químicas poderosas para comprovar a existência de doenças, receber
um diagnóstico após o simples dedilhar sobre os pulsos do outro pode parecer,
no mínimo, de eficiência questionável. Assim funciona a pulsologia, uma técnica
de diagnóstico usada pela medicina chinesa de que se tem notícia há mais de 7
mil anos.
Originalmente,
o médico nem sequer conversava com o paciente. Bastava-lhe tocar com os dedos
nos dois pulsos para identificar problemas do corpo e da alma. Trazida para a
realidade do Ocidente, o profissional se tornou mais interativo. Ele quer saber
quais são as queixas da pessoa e, por meio das manifestações energéticas do
pulso dela, consegue encontrar a causa — ou pelo menos boas pistas do problema.
Na tradição
chinesa, a pulsação reflete as energias de órgãos e de vísceras A lógica é
aparentemente simples. O segredo de tudo está na energia que nos mantém vivos e
ativos. Cada órgão, com suas funções, é regado de energia por um meridiano
específico. A pulsologia avalia a qualidade e a quantidade de energia dentro
desses meridianos e a interação entre eles.
Para os
médicos ocidentais, a pulsação é indício apenas de como anda o batimento
cardíaco. Para os profissionais das tradições chinesas, ali se refletem as
energias de órgãos e de vísceras. Pelo toque no pulso do paciente, o
profissional sente a força, a regularidade do batimento cardíaco, a textura e a
pressão sanguínea. Cada ponto tocado corresponde a um local específico do
corpo. De acordo com a energia emanada — o excesso ou a falta dela —, é
possível apontar o desequilíbrio e propor um tratamento. Cada síndrome
energética pode desencadear sintomas diferentes e cada sintoma pode ser causado
por um desequilíbrio distinto.
Vistas dessa
maneira, todas as doenças seriam resultado de alguma descompensação energética
que desencadeia sintomas. Ou ainda, de alterações físicas e de experiências
emocionais que também podem desequilibrar essa energia sentida no pulso. Na
medicina tradicional chinesa, você não consegue separar o universo emocional do
físico. Esses mundos interagem o tempo todo.
Cada órgão,
com suas funções, é regado de energia por um meridiano específico. A pulsologia
avalia a qualidade e a quantidade de energia dentro desses meridianos e a
interação entre eles.
Ele ainda
acrescenta que o corpo dá sinais energéticos de que algo não vai bem antes
mesmo de a doença se instalar. Para saber disso, basta tocar no local do pulso
correspondente a um órgão ou víscera e, literalmente, sentir se ele está
funcionando de forma saudável ou emitindo algum alerta. No braço direito, por
exemplo, você pode sentir (seguindo da área mais próxima da mão para adiante) a
energia emanada do pulmão, seguida pela do baço e mais a do pericárdio. No
outro braço, o médico consegue avaliar o funcionamento do coração, do fígado e
do rim. É um diagnóstico energético e exige uma vivência por parte do profissional,
já que é muito subjetivo.
Se há
energia sobrecarregando determinado órgão, ou ele está desgastado, o médico indica
sessões de acupuntura e uso de remédios homeopáticos, por exemplo — depende do
método de tratamento de cada especialista. Cada órgão é regido pela energia
vital ambígua do yin e do yang. A pulsologia funciona como diagnóstico desse
desequilíbrio.
Mais do que
sintomas físicos, a energia circulante no corpo também afeta e é afetada pelas
emoções. A pulsologia é uma ferramenta poderosa para analisar dores e
experiências marcantes na vida de uma pessoa, que podem desencadear sintomas
físicos. Existe uma energia pulsante na gente. Pelos pulsos, vemos as batidas
dos órgãos e associamos esse batimento à vivência da pessoa.
Veja a
postagem sobre órgãos e emoções neste blog.
Na prática,
um sentimento geraria alterações químicas no corpo que podem provocar o que a
ciência chama de doença. A pulsologia é um pedido de socorro do corpo que não
conseguiu lidar com uma energia geral no plano psicológico. Nos pulsos,
percebemos essa carga energética e, assim, pode-se chegar a diagnósticos mais
precisos do ponto de vista emocional, como medos, mágoas, rigidez perante a
vida, vaidades exacerbadas e passividades excessivas.
Na ponta dos
dedos, ele guarda o conhecimento da técnica oriental e também uma sensibilidade
acima da média. Bartolomeu diz conseguir sentir pelo pulso do paciente experiências
dolorosas, cargas emocionais passadas e características de personalidade que
podem provocar respostas físicas e incômodos na alma.
Afinal,
nessa filosofia, corpo e mente são completamente interligados. O que se passa
em um se reflete no outro. E tudo é dual. Pode ser bom ou ruim. O fígado seria
o acumulador da ira, da raiva e, ao mesmo tempo, a fonte da energia interior. O
baço é responsável pelos fluxos mentais, pela capacidade de gerir questões, mas
em desordem pode levar a quadros obsessivos. O pulmão guarda a tristeza, que,
em acúmulo, pode levar a sintomas como os de asma.
Na lista de
exemplos, ainda tem o coração, que, de maneira óbvia, manifesta a afetividade,
o amor próprio e a relação com o próximo. Projetos frustrados podem se transformar
em pedras nos rins, órgão onde há grande fluxo de água. Na tradução da
pulsologia, o que era para ser fluido se cristalizou.