Os fatores climáticos sempre foram objeto de estudo na
medicina chinesa, sendo que a Medicina Tradicional Chinesa sempre manteve viva em
sua prática a observação dos eventos naturais e de sua repercussão
no organismo, sendo o homem apenas um microcosmo inserido no macrocosmo
(universo), estando nós seres humanos entre o Céu e Terra, sofremos influências
cósmico-telúricas, os eventos que ocorrem na natureza, ocorrem também no nosso
organismo pois somos parte dela. Os estudos chineses classificam os excessos
climáticos como agentes patogênicos causadores de doenças, visto que podem
causar alterações funcionais no nosso organismo. A chuva, o vento, o calor, a
umidade a secura são considerados agentes “perversos” (danosos, prejudiciais),
pois desequilibram nossos processos fisiológicos normais.
Nosso
organismo quando em boas condições de saúde possui a capacidade de se adaptar
as mudanças sazonais climáticas, porém, quando este se encontra enfraquecido
por uma alimentação desregrada, fadigas, excesso de trabalho, sedentarismo,
fica facilmente vulnerável ao desenvolvimento de doenças. O
organismo também sofre quando as mudanças climáticas são muito intensas, o que
está ficando cada vez mais comum pela degradação da natureza, com períodos de
calor em pleno inverno e de frentes frias no verão.
Sendo
que nos encontramos no inverno nada melhor do que enfatizarmos as doenças causadas
pelo “frio nocivo”, descrito pelos chineses.
No
inverno a natureza desenvolve um comportamento peculiar, sendo o período de
fechar e armazenar, sendo que os insetos procuram abrigo na terra, algumas
espécies hibernam, e os demais animais mudam seus ritmos cronobiológicos,
despertando mais tarde e adormecendo mais cedo. Nossos hábitos deveriam também
mudar de acordo com a estação vigente.
A
alimentação deve ser possuir predominantemente propriedades caloríficas,
geradoras de calor. Os líquidos não devem ser ingeridos frios, a bebida
principal da estação é o chá, devendo ser inclusive utilizado durante as
refeições.
O
frio possui a propriedade de paralisar, contrair, de diminuir as atividades
funcionais. Dentre as principais doenças causadas pelo frio encontram-se as paralisias faciais, neuralgias, resfriados,
as dores musculares, articulares, distúrbios urinários (retenções, enurese, poliúria,
disúria), má digestão com sensação de estufamento e presença de gases,
problemas circulatórios, doenças respiratórias diversas, diarréia com presença
de sensação de peso no corpo, dentre muitos outros sinais e sintomas que podem
ser decorrentes de um ataque de frio.
O
frio inicialmente ataca a superfície do corpo, fazendo uma contração dos vasos
e capilares sanguíneos, essa contração atrapalha a circulação da energia
defensiva e do sangue, ocorrendo um bloqueio na superfície corporal ocasionando
dor, inicialmente na musculatura paravertebral e na nuca, acompanhada de
corrimento nasal aquoso, podendo haver transpiração ou não, até este momento os
sintomas são de frio, e mais tarde com a evolução do quadro se transformarão em
sintomas de calor, iniciando um processo febril e a doença se aprofundará no
organismo atacando diversos sistemas de acordo com a força do agente agressor
em relação a capacidade de resistência do organismo agredido.
Via
de regra o desequilíbrio que ataca a superfície vai interiorizar e se
transformar em calor, causando febre
que poderá se manifestar de três formas:
- Febre forte: a febre é elevada, significando que os
fatores de resistência são fortes e o agente patogênico também, causando uma
grande luta no interior do organismo expresso pela alta temperatura.
- Febre e frio alternados: significa que os fatores
patogênicos não são tão fortes, porém o corpo não possui resistência suficiente
para causar a sua eliminação, caracterizando um quadro que não se define para a
cura ou para o agravamento da doença. Quando o doente sente frio, a doença
prevalece, quando sente calor os fatores de resistência prevalecem.
- Febrícula vespertina: caracteriza-se por febre baixa
que piora sempre no fim da tarde ou início da noite, persistindo por
dias, antes de evoluir ou ser eliminada. Muitas vezes subestimada, a doença se
mantém latente, precisando apenas de uma brecha na nossa imunidade que permita
a sua recidiva.
- Após todo esse processo o organismo entra em uma fase onde a
pessoa “pensa estar curada”, porém encontra-se debilitada e propensa a novas
invasões exteriores. Nessa fase é importante a moderação na alimentação,
descanso, as atividades físicas não devem ser intensas e o corpo precisa
fortalecer-se gradualmente. Esse tempo varia de acordo com as condições
orgânicas de cada indivíduo.
A
intervenção precoce, elimina os fatores patogênicos, não permitindo que estes
se dirijam ao interior do corpo agravando a doença, sendo de fundamental
importância a utilização da acupuntura e
moxabustão.