Se ainda havia algum ocidental desconfiado que, a exemplo de
São Tomé, precisava ver para crer o resultado de uma porção de agulhas
finíssimas sobre o corpo, ele provavelmente deixará suas suspeitas de lado ao
saber o que andam desvendando neurocientistas ao redor do globo. Na Inglaterra,
uma equipe da Universidade de York acaba de exibir, por meio de imagens de
ressonância magnética, que uma espetada em um ponto da mão reduz a atividade de
áreas do cérebro que regem a percepção da dor. Enquanto isso, nos Estados
Unidos, um experimento com camundongos da Universidade de Rochester endossa o efeito
analgésico da técnica oriental ao provar que ela estimula a liberação de uma
molécula, a adenosina, responsável por aliviar o desconforto. São provas,
vistas a olho nu ou sob a lente do microscópio, que permitem à ciência deste
canto do mundo reconhecer o que os sábios chineses já apregoavam sobre o método
que ganha milhões de pacientes no Brasil e no resto do Ocidente.
Para botar no papel todas as indicações da acupuntura, seria
preciso preencher um extenso pergaminho da China antiga. As agulhas, é claro,
não são uma panaceia, mas surpreendem até os olhos céticos. Em uma experiência
com ratos que sofreram lesões na coluna vertebral da Universidade Kyung Hee, na
Coreia do Sul, por exemplo, os animais que foram submetidos às espetadas se
recuperaram e voltaram a andar mais cedo do que os bichos livres das picadas. A
acupuntura coibiu inflamações e impediu, assim, a destruição progressiva de
células nervosas da coluna. É esse poder anti-inflamatório, aliás, que garante
à terapia lugar de destaque no combate a asma, dores crônicas…
Outra virtude da técnica é equilibrar as emoções, debelar a
ansiedade e o desânimo e reforçar o adeus aos vícios. Ao modular a
ação da dopamina, um neurotransmissor ligado ao prazer, o método ajuda a suprir
a necessidade da droga.